Hospital Joaquim Urbano

Hospital Joaquim Urbano


As ameaças, surtos e alastramento de inúmeras epidemias determinaram o curso do Hospital Joaquim Urbano, desde a sua criação, aos sucessivos encerramentos e persistentes reaberturas que pontuaram a sua história, intrinsecamente entrecruzada com a evolução registada nas Ciências da Saúde, nomeadamente no domínio das doenças infeciosas e da saúde pública.

O grave surto de cólera de Toulon, em 1884, que depois alastrou a Espanha, suscitou a formação de uma comissão no Porto, da qual fazia parte o Prof. Ricardo Jorge, que propôs a 18 de junho ao Governo Civil do Porto a construção do “hospital provisório para cholericos”, na freguesia do Bonfim, designado por «Hospital de Guelas de Pau».

A 12 de setembro desse ano ficou concluída a montagem do hospital-barraca constituído por dez construções isoladas e independentes, incluindo o edifício da antiga residência para alojamento de médicos e enfermeiros. Os três pavilhões destinados ao tratamento de doentes, de caráter provisório, foram construídos em madeira e sustentados por pilares de pedra, ficando acima do solo, para garantir o arejamento pela base e a sua fácil destruição pelo fogo, em caso de uso epidémico que assim o determinasse.

Uma vez que a epidemia da cólera não atingiu o Porto o Hospital foi desativado em julho de 1887.

A 4 de outubro de 1892 o Ministro José Dias Ferreira ordena a expropriação desses terrenos (22.915 m2), propriedade de Francisco Alves Peixoto da Gama, a fim de se estabelecer no Porto um hospital permanente para coléricos e outros enfermos de moléstias contagiosas.

O Hospital será reaberto em abril de 1899 pela Santa Casa da Misericórdia do Porto para isolamento e tratamento de casos de sífilis e tuberculose libertando dessa função o Hospital de Santo António. Contudo em julho desse ano, face ao lavrar da peste bubónica, o Prof. Ricardo Jorge propõe com urgência a adaptação do Hospital para os empestados, recebendo os primeiros doentes a 2 de setembro. Com o abrandamento do surto de peste o Hospital, então chamado «Hospital do Senhor do Bonfim», é encerrado em março de 1900 e reabre em 1902, perante um surto de varíola e de sarampo, passando então para a administração do Estado.

A 15 de dezembro de 1914 passa a denominar-se «Hospital de Joaquim Urbano», em consagração póstuma e como reconhecimento dos relevantes serviços prestados à saúde pública do seu 1º diretor, Dr. Joaquim Urbano; e em 1915 passa a estar diretamente subordinado ao Ministério do Interior, pela Direção-Geral de Saúde, e a ser utilizado, pela Faculdade de Medicina, para o ensino.

Entre 1918 e 1919 realizaram-se profundas obras de remodelação dos pavilhões iniciais e instalações, sob a direção do Dr. Álvaro Pimenta.

O Hospital Joaquim Urbano desempenhou um papel fulcral e de relevo no combate a outras graves epidemias que grassaram no norte do país, sendo de destacar a tifo exantemático (1917-1920; 1939-1940; 1949); a poliomielite (1959); meningites meningocócicas (1964); febres tifoides e salmonelloses por typhi murium (1968); e um novo surto de cólera (1974-75).

Em 1985, recebeu o primeiro doente infetado com VIH, convertendo-se esta doença na sua principal atividade clínica.

Durante mais de 100 anos foi somente destinado ao estudo e tratamento de doenças infectocontagiosas, até 1989, altura em que foi criado o Serviço de Pneumologia passando a ser considerado um Hospital Central, o único no país especializado em doenças infeciosas e pneumológicas.

De 2000 a 2005 os edifícios do Hospital foram amplamente remodelados e criaram-se novas valências, destacando-se o Centro de Terapêutica Combinada (2001); o Hospital de Dia Dr. Rocha Marques (2003) e um novo pavilhão de doenças infeciosas com quartos de isolamento para pressão negativa (2007).

A 1 de abril de 2011 é integrado no Centro Hospitalar do Porto (DL 30/2011 de 2 Março).

A atividade desta unidade, direcionada para tratamento de doenças infeciosas e pneumológicas, foi transferida para a Unidade Hospital Santo António em julho de 2016. Desde essa data, a unidade encontra-se desativada, albergando apenas o Centro Terapêutica Combinado (CTC). Tais instalações acolhem ainda no pavilhão Álvaro Pimenta um projeto de apoio aos sem-abrigo, através de um contrato de cedência temporária por parte do CHUdSA à Câmara Municipal do Porto.