Centro de Genética Médica Doutor Jacinto Magalhães
A génese desta instituição remete-nos para 1971 altura em que foi criada a Consulta de Genética Médica no Hospital de Crianças Maria Pia pelo Dr. Jacinto Magalhães, coadjuvado pela pediatra do mesmo Hospital, Dra. Maria José Cardoso. O rápido crescimento da consulta levou à sua ascensão em maio de 1973 a Serviço de Genética e à criação de um laboratório, especialmente orientado para a área das Doenças Hereditárias do Metabolismo.
Em 1978 começou a tomar forma o grande projeto do Serviço de Genética: iniciar em Portugal o rastreio neonatal da Fenilcetonúria. Decorreram igualmente nesse ano as Jornadas do “Club Européen de Conseil Génétique”, em Viana do Castelo, sob a presidência do Dr. Corino de Andrade e com a participação de ilustres geneticistas internacionais.
A 31 de janeiro de 1980 o Serviço de Genética daria lugar ao Instituto de Genética Médica, fundado igualmente por iniciativa do Dr. Jacinto Magalhães. Inicialmente adstrito ao Hospital de Crianças Maria Pia, em outubro desse ano, pelo DL nº 431/80, passaria para a dependência da Direção Geral dos Hospitais.
Os anos seguintes foram de consolidação das estruturas existentes, autonomização dos laboratórios de Citogenética, Enzimologia e Biologia Clínica e transferência de instalações para o nº 74 do edifício, que ainda hoje ocupa, na Praça Pedro Nunes, da autoria do arquiteto Júlio de Brito. O projeto de adaptação seria da autoria do arquiteto Corte Real, tendo estabelecido a ligação dos três prédios através de um pátio nas traseiras ao nível do 1º andar.
Uma das atividades do novo Instituto com maior impacto na população portuguesa viria a ser o Programa Nacional de Diagnóstico Precoce, criado em 1979 pelo Dr. Jacinto Magalhães e pelo Dr. Rui Vaz Osório, o qual dirigiu o projeto até 2011. Este programa de rastreio, comummente designado como “teste do pezinho”, após a superação de algumas oposições e incompreensões, acabaria por se impor em todo o país. Outro polo de desenvolvimento que se começou a preparar em simultâneo foi o Centro de Diagnóstico Pré-natal, pioneiro a nível nacional.
O Instituto contribuiu, pelo seu prestígio nacional e internacional, para o desenvolvimento da Genética Médica em Portugal, para a criação de uma Especialidade, da especialização laboratorial de diversas valências, da articulação do diagnóstico pré-natal com um serviço médico de interrupção de gravidez (após a aprovação da exclusão de ilicitude da interrupção da gravidez por causas genéticas em 1984) e para a criação da Sociedade Portuguesa de Genética Humana, já sob a direção do Dr. Rui Vaz Osório (1987-2001).
Seguindo sempre o princípio de que a assistência e a investigação devem andar juntas, foi entidade formadora em 1989 do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) e do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC). Contribuindo assim ativamente para o desenvolvimento da Genética hospitalar e da investigação nesta área.
O respeito pela bioética foi também uma sua grande preocupação, tendo sido marcante a importância e influência que teve na elaboração de toda a legislação que então foi publicada.
No início do século XXI era já uma instituição de referência para a genética médica em Portugal, com uma consulta pujante e em grande desenvolvimento, um trabalho de investigação notável.
Esteve integrado no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge de 2007 até 2012.
Encontra-se desde 2013 integrado no Centro Hospitalar do Porto, tendo adotado a designação de Centro de Genética Médica Doutor Jacinto Magalhães, mas mantendo a localização original na Praça Pedro Nunes, n.º 88.
É o único organismo público que se dedica especificamente ao estudo de mais de 400 doenças raras. Trata-se, portanto, de um centro de excelência, altamente diferenciado, para doenças genéticas.
